Jornalista, cristã e sonhadora.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Resenha História do Futuro – Miriam Leitão

Termino de ler o livro desta grande jornalista Miriam Leitão, mais convicta que o conhecimento é melhor do que o ouro e a prata. Que livro excelente, cheio de dados e esclarecedor. O livro-reportagem é muito bem construído; com várias referências bibliográficas, dados de vários órgãos.  São 12 capítulos, 338 páginas, publicado em 2015.
Miriam tenta mapear o que está por vir. Depois de quatro anos de pesquisas, viagens e entrevistas, ela indica tendências que não podem ser ignoradas em áreas como meio ambiente, demografia, educação, economia, política, saúde e tecnologia.
Para explicar o futuro, a autora/jornalista volta várias vezes no passado, analisa o presente, e prospecta o futuro. Somos o primeiro país em biodiversidade do mundo. Somos o segundo maior reservatório de água doce. Temos o maior potencial de energia renovável por quilômetro quadrado. Toda essa herança da natureza será escassa no futuro. Temos que cuidar, planejar para amanhã não faltar. O futurólogo australiano Peter Ellyard diz em seu livro Destination 2050 que “nós não podemos criar um futuro que inicialmente não imaginamos”.
Em sua análise Miriam diz: “O brasileiro está insatisfeito com a democracia, desconfia dos políticos e acha que o governo gasta mal o dinheiro que sai do seu bolso. Esse descontentamento fortalece a democracia e não o contrário, e é ele que fará o país continuar aperfeiçoando as instituições.”
Das nossas novas conquistas, ela lembra: “Há quem tenha saudade da escola pública dos anos 1960 ou 70, na qual se formou parte da elite de hoje. Aquela era uma escola boa, mas para poucos. Um estudo do economista Naércio Menezes apresenta um gráfico revelador. Em 1960, a população do Brasil e da Coreia do Sul com 25 anos ou mais tinha três anos de estudo de escolaridade média. Ou seja, coreanos e brasileiros adultos haviam estudado em média apenas três anos. Em 1980, a Coreia já chegava a sete anos e o Brasil permanecia estagnado em torno de três anos. Hoje o brasileiro com 25 anos ou mais de idade tem 7,7 anos de escolaridade. Os brasileiros com 65 anos ou mais têm 4,2 anos de estudo em média. A faixa dos que têm entre 25 e 64 anos tem 8,3 anos de estudo em média. Isso mostra que temos avançado.”
E critica: “A Coreia, vista como exemplo, não pode ser modelo para nós. Lá, depois de oito horas na escola, os estudantes do Ensino Médio vão para cursinhos preparatórios e não sabem o momento de parar.— O governo teve que impor a ordem de que os cursinhos não poderiam funcionar depois da meia-noite — explica Denis Mizne, da Fundação Lemann. Hoje, de fato, a Finlândia é reconhecida por ter o melhor sistema educacional do mundo.
Na economia a jornalista abriu o jogo: “O Tesouro transformou os 5 bilhões de barris, que futuramente serão extraídos, em receita corrente, ou em dinheiro de agora. Isso foi um ponto percentual do PIB em 2010. Não foi um caso isolado. Depois o Tesouro pegou dividendos futuros que tinha a receber da Eletrobras e entregou ao BNDES. O Tesouro então vendeu ao BNDES o que receberia no futuro da empresa elétrica e assim transformou um lucro incerto do futuro da Eletrobras em dinheiro imediato.”
Divulgou os dados: “Em abril de 2015 divulgou um balanço em que admitia ter perdido R$ 51 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões com corrupção. Há uma geração perdida quando o tema é guardar dinheiro para o futuro. Uma pesquisa do SPC, realizada em 2014, mostrou que 57% das pessoas com 60 anos ou mais não possuíam qualquer investimento nem reserva financeira. Apenas 5% tinham previdência privada. Entre os pesquisados, 54% admitiam não saber controlar suas finanças, 40% diziam que faziam o cálculo entre suas receitas e gastos “de cabeça”, 58% admitiam não saber calcular os juros dos empréstimos. Apesar desse quadro, 72% se sentiam seguros com sua situação financeira. São brasileiros que nasceram nas décadas de 1940 e 50. A proporção dos idosos em relação à população ativa no Brasil — era de 10% em 2010, e irá para 40% em 2060.”
Na infraestrutura: “O Brasil tem 1,7 milhão de quilômetros de estradas. Apenas 200 mil estão pavimentados. No Brasil, 35 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito por ano. Isso equivale a 96 pessoas por dia, ou um Boeing a cada dois dias — diz o professor Paulo Fernando Fleury, especialista em logística.”
Sobre a distribuição de renda no país, dá vontade de chorar, a autora relata: “Análises mais abrangentes mostram que o 1% mais rico da população tem um quarto de toda a riqueza brasileira; os 5% mais ricos têm quase metade, a concentração é tamanha que um milionésimo das pessoas acumula mais renda do que toda a metade da população junta.”
Sobre nossa relação com a diversidade, Miriam conta casos de superação: “É inesperado o roteiro em que um homem, da Bulgária, desse país remoto tenha uma filha que vire presidente do Brasil e se reeleja. E que esse caminho comece com três anos na prisão. É difícil supor que um menino pobre deixe Garanhuns, em Pernambuco, migre para São Paulo, faça um curso de torneiro mecânico
e termine presidente da República. E é surpreendente que um dos oito filhos de um pedreiro, negro, de Paracatu, no interior de Minas Gerais, consiga superar todos os obstáculos sociais e os preconceitos raciais e chegue ao mais alto posto da magistratura. Estas pessoas são Dilma, Lula e Joaquim Barbosa.”
Saúde – O SUS, Sistema Único de Saúde, nasceu na Constituição de 1988, mas só pôde ser implantado realmente após a estabilização econômica de 1994. A saúde é financiada assim: repasses da União mais 12% da receita dos estados e 15% das receitas dos municípios.
Ainda sobre recursos naturais: “Somos o segundo país com mais água doce no mundo. O primeiro é o Canadá, onde a água está em grande parte na forma de gelo. A nossa está mais disponível, porém se concentra em grande parte na Amazônia.”
A Argentina tem área agricultável. Será ofertante nesse mercado, mas de alguns produtos. Ela tem retrocedido. Ela exportava, em 1990, 487 mil toneladas de carne bovina; em 2000, 345 mil toneladas; e em 2012, 170 mil. Encolheu em outras áreas também. A Austrália tem quase o tamanho do Brasil, é uma região semiárida e está sofrendo seguidos problemas climáticos, encolhendo a produção Estudos da FAO projetam que, em 2030, a população mundial será de 8,3bilhões. Há 60 milhões de hectares de pastos degradados no Brasil, e isso é mais do que os territórios da Alemanha e do Reino Unido somados. Até 2050 a temperatura média do país vai subir mais de dois graus centígrados, diz Assad.
Cidades: Existem 23 megacidades no mundo, duas delas estão no Brasil. Tóquio tem mais gente do que todo o Canadá. São Paulo, entre 2011 e 2025, estará agregando um Uruguai a mais à sua população. E o Brasil ainda não sabe como superar seus dilemas urbanos. Em 1950, moravam na área urbana menos de 1 bilhão de pessoas, segundo os cálculos da ONU. Para ser exata: 745 milhões, o que era, na época, 30% das pessoas.
Um século depois, quando 2050 chegar, as cidades terão saltado para 6,3 bilhões. A população urbana terá se multiplicado por 8,4 vezes em 100 anos.
A estimativa de população para a capital paulista, feita pelo IBGE em 2014, apontava 11,89 milhões de habitantes. O Detran contabilizava 7,88 milhões de veículos na capital, contando carros, motos, caminhões, ônibus. Mas alguns números são tão gigantes que assustam. Quando chegar 2025, Nova Délhi, na Índia, terá 32,9 milhões de habitantes, 10 milhões a mais do que em 2011. Xangai, na China, vai sair, nesse período, de 20,4 milhões para 28,4 milhões. Nenhuma das duas é, ou será, a maior cidade do mundo. A campeã continuará sendo Tóquio, que, no período, sairá de 37,2 milhões para 38,7 milhões. Hoje a capital japonesa, sozinha, tem mais gente que inúmeros países. Mais do que em todo o imenso Canadá.
Os cientistas alertam: “O custo de preparação é sempre infinitamente menor do que o custo de recuperação depois do desastre”.
Fique chocada quando Miriam relata visita a Venezuela: “Estive em Caracas, em 2003, durante a greve geral que parou o país. Fui ao Miraflores entrevistar Hugo Chávez. O palácio estava cercado de rolos de arame farpado, como um país em guerra civil. Entrei no prédio sob a mira de fuzis apontados contra mim e o câmera venezuelano. Na longa espera, flagrei cenas de comércio paralelo de bens de primeira necessidade nos corredores do palácio do governo. Na entrevista com Hugo Chávez, em determinado momento fiz uma pergunta da qual ele não gostou. Ele me respondeu, furioso, me chamando de “louca”. Um dos nossos maiores orgulhos é dos 150 anos de paz com 11 vizinhos em mais de 15 mil quilômetros Um dos nossos maiores orgulhos é dos 150 anos de paz com 11 vizinhos em mais de 15 mil quilômetros.
Com certeza indico a leitura, aprendi tanto, mais que vários anos na escola. Por isso, concordo com a Palavra de Deus que diz:
 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32
 “porque meu povo se perde por falta de conhecimento; por teres rejeitado a instrução,…” Oséias 4:6

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